14/07/2022

Dados divulgados ontem pelo IBGE indicam uma perda de fôlego do varejo. O volume de vendas do setor registrou em maio alta de 0,1%, em relação a abril, abaixo das taxas de janeiro (elevação de 2,3% ante dezembro), fevereiro (1,4%), março (1,4%) e abril (0,8%). Além disso, a taxa acumulada em 12 meses teve queda de 0,4%.

Gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos confirmou que há uma perda de ritmo do setor. “A leitura do varejo em maio é de estabilidade”, afirmou. Quando se consideram também as atividades de material de construção e de veículos na conta (formando o conceito de varejo ampliado), o resultado é uma elevação de 0,2%, em maio, e de 0,3% no acumulado dos últimos 12 meses.

De forma geral, o desempenho das vendas tem sido impactado pela inflação, pelo crédito mais caro e pelo alto nível de endividamento das famílias. “Tem a ver com o processo inflacionário, sim. É um dos fatores, e atinge algumas atividades”, disse ele, acrescentando que os desempenhos de supermercados e de combustíveis são mais afetados.

O economista Luca Mercadante, da gestora de recursos Rio Bravo Investimentos, avalia que o impulso fiscal previsto com a aprovação da “PEC Kamikaze” – que prevê uma série de benefícios a menos de três meses das eleições – pode arrefecer o ritmo da desaceleração esperada para a atividade econômica no segundo semestre, com reflexos, especialmente, no varejo e em serviços.

“O segundo semestre será marcado pela ‘briga’ entre a política monetária restritiva, que vai desacelerar a atividade, e o impulso fiscal novo que o governo planeja dar com os benefícios sociais”, disse Mercadante. “Ainda esperamos que ocorra uma desaceleração, porque temos uma parcela grande de efeito de política monetária para ser vista nos dados, mas ela começa a ser um pouco mais devagar do que esperávamos antes da PEC.” •
Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo

Published On: 14 de julho de 2022

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