03/05/2022
Na semana em que países europeus estudam adotar novas sanções contra a Rússia, o premiê alemão, Olaf Scholz, alertou que o embargo ao petróleo russo pode durar anos. Ele deixou claro que o boicote a Moscou só terminará após um acordo de paz crível entre russos e ucranianos.
“Vladimir Putin [o presidente russo] calculou mal se previu que poderia ganhar territórios na Ucrânia, declarar um fim das hostilidades e ver países ocidentais retirarem sanções”, disse Scholz em entrevista à rede de TV pública alemã ZDF. “Não retiraremos as sanções a menos que ele chegue a um acordo de paz com a Ucrânia, e sabemos que não há sinais de que ele deva fazer isso rapidamente.”
“Não retiraremos as sanções a menos que ele chegue a um acordo com a Ucrânia, e ele [Putin] não conseguirá isso com uma paz ditada”, prosseguiu Scholz. Ele também disse que a Alemanha não aceitaria a anexação da Crimeia pela Rússia. “Isso foi uma violação do direito internacional. Era verdade antes [da invasão] e continua sendo verdade”, disse Scholz – em referência à península ucraniana que Moscou anexou em 2014.
Na véspera, a ministra de Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, tinha dito para a emissora de TV ARD que Berlim está pronta para apoiar um embargo gradual de toda a União Europeia (UE) às importações de petróleo russo. “E estamos preparando isso de tal maneira que, se necessário, poderemos mantê-lo nos próximos anos”, disse.
Até o começo da guerra na Ucrânia, a Rússia fornecia 35% do petróleo consumido na Alemanha, mas de acordo com membros do governo alemão essa fatia foi reduzida para apenas 12%.
Jörg Kukies, um dos principais assessores de Scholz, também confirmou que o país apoia o fim das importações de gás e de petróleo russo. Mas ressaltou que, em razão do custo econômico, é preciso um prazo para que o embargo seja implementado.
“Queremos parar de comprar petróleo russo, mas precisamos de um pouco de tempo para garantir que possamos ter outras fontes em nosso país”, disse ele, destacando que a maioria das refinarias alemãs já está comprando petróleo de outros fornecedores.
“Como europeus, estamos preparados para suportar a pressão econômica para ajudar a Ucrânia”, disse, por seu lado, o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck. “Mas não há como isso não ter um custo para nós.”
Habeck fez a declaração antes do encontro de emergência de ministros de Energia da UE, que se reuniram ontem em Bruxelas para discutir um boicote às commodities de energia da Rússia e a decisão do Kremlin de interromper o fornecimento de gás natural à Polônia e à Bulgária.
O próximo pacote de sanções que está sendo discutido pelos europeus e pode sair nos próximos dias deve propor que os países do bloco deixem de importar petróleo e produtos refinados da Rússia até o final do ano, de acordo com diplomatas familiarizados com as discussões.
É consenso, entretanto, que a decisão coletiva europeia sobre o embargo aumentará substancialmente o impacto sobre os preços de energia para os consumidores e a indústria em toda a Europa.
Os embaixadores da UE, que se reúnem amanhã, precisariam concordar por unanimidade com qualquer plano europeu para que ele entre em vigor.
Os Estados-membros ainda estão divididos sobre a ideia de uma proibição do petróleo russo. A Hungria disse que bloquearia um acordo a menos que pudesse garantir suprimentos de outros lugares. Hungria e Eslováquia têm infraestrutura que as tornam mais dependentes do petróleo russo e, sem portos, têm poucas fontes alternativas.