O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não quis comprar briga com a ministra Marina Silva que sugeriu estabelecer um teto para a produção de petróleo no Brasil. Perguntei a Prates sobre a declaração da ministra Marina e ele afirmou não ser contra, mas acha que não deveria ser agora. Prates garante não ser contra a ministra e muito menos o Ibama. E informa que o pico da produção de petróleo do Brasil deve ser 2031/ 2032, depois disso vai diminuindo devagar.

– Me cabe hoje dirigir, conduzir a Petrobras, que é uma empresa de petróleo em transição. No meu entendimento um teto para a produção de o petróleo num país como o Brasil talvez fosse uma coisa que tivesse que entrar numa fila. Existem várias outras coisas que a gente precisa pensar, inclusive em relação à própria Amazônia. Buscar petróleo, não vai nem furar para produzir ainda, vai buscar para saber se tem a 170 km do Amapá e a 580 km da Foz do Amazonas, não é tão pecaminoso assim. É um processo de prospecção como a gente agora fez ao arrematar áreas na frente do Rio Grande do Sul, para também abrir uma outra fronteira na bacia de Pelotas. A gente precisa fazer isso porque do contrário, se o pré-sal acaba ali, em 30,35 anos, e o petróleo continua a ser importante para a humanidade durante mais 50, 60 anos, nós teríamos, teoricamente, que começar a importar petróleo de outros países, e um petróleo mais carbonizados.

Segundo Prates, a Petrobras precisa seguir na mesma trilha enquanto faz a sua “metamorfose ambulante”:

– A gente tem que sair caminhando na mesma trilha mais um pouquinho e se transformando numa outra pessoa, numa outra empresa, com outros produtos, mas ao mesmo tempo que a gente vai caminhando, continua faturando um pouco daquilo que a gente sabe fazer.

Insisti em perguntar se ele é contra ou a favor e ele continuou contornando a pergunta.

– Há outros tetos, limites que a gente precisa também discutir. Se for um conjunto de limites que indicam um planejamento de transição energética para os investidores, para os consumidores, para os cidadãos, com fases, anos, acho muito bem-vindo. Mas acho que também tem que se falar de consumo, de uso da floresta, de uso da terra, do uso do mar para outras funções não só pra geração de energia.

E acrescentou:

-Acho que só colocar uma bandeira, só dizer que o petróleo é feio e que tem que acabar, é muito pouco, vai ser muito vazio o processo. De novo, não sou contra o teto, há países que têm essa meta, nós mesmos, como empresa, temos que estabelecer a nossa também. Nós temos um pico de produção programado para 2030, 2031, 2032. A partir daí, a produção vai pousar suavemente. Essa grande fonte de receita vai começar a ser substituída por outra. Afinal de contas, transição energética não é ruptura, é transição e tem uma gradualidade natural envolvida.

Autor/Veículo: O Globo

Published On: 4 de janeiro de 2024

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