Motoristas de Belo Horizonte que foram aos postos de combustíveis nesta semana encontraram gasolina e etanol mais baratos em alguns estabelecimentos. Em um posto localizado na avenida Tereza Cristina, na região do Padre Eustáquio, por exemplo, foi possível encontrar, nesta terça-feira (16/01), o litro do etanol a R$ 2,86 e da gasolina a R$ 4,85.

Por lá, foram registradas filas para abastecer no período da tarde. Na mesma região, outros postos também praticam preços parecidos. Um outro estabelecimento na mesma via vende o litro do etanol a R$ 3,19 e a gasolina a R$ 5,09 (veja acima carrossel de fotos com preços praticados por estabelecimentos da região Oeste de Belo Horizonte).

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na semana passada (7 a 13 de janeiro), o preço médio do etanol em Belo Horizonte estava em R$ 3,35, e o da gasolina, R$ 5,34.

Etanol mais vantajoso
Para os motoristas que têm opção de escolha, considerando os preços do posto de combustíveis da avenida Tereza Cristina, o etanol – a R$ 2,86 – está ainda mais vantajoso em relação à gasolina, com paridade em 58,9%. O combustível derivado da cana-de-açúcar já havia encerrado 2023 com vantagem em BH, custando R$ 3,36 em média, enquanto a gasolina comum fechou em R$ 5,35 – uma relação de 62,8%.

De acordo com especialistas, o etanol é mais vantajoso no quesito preço e desempenho do veículo quando custa até 70% do preço da gasolina. O economista e conselheiro efetivo no Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon) Gelton Pinto Coelho explica que esse cálculo ficou convencionado, mas que, de acordo com o desempenho do carro e a forma de dirigir do motorista, ele pode variar. “Mas não foge muito de uma porcentagem entre 65% e 73%”, diz.Essa vantagem leva um volume maior de motoristas a buscar etanol em vez de gasolina. Uma demanda que, segundo Gelton, explica também a queda de preço da gasolina, que acaba pressionada pelas boas vendas do combustível concorrente. Além disso, um segundo motivo para a queda da gasolina, segundo o economista, é a atual mistura de combustíveis: a gasolina que chega às bombas tem 30% de etanol.

“Isso é muito vantajoso para o consumidor, essa queda já permite, por exemplo, pensar numa viagem no fim de semana, algo que incrementa o turismo”, diz Gelton, lembrando que o combustível mais barato incentiva o consumidor a “tirar o carro da garagem”. “Isso vai favorecer algumas categorias, como motoristas de aplicativo, pois pode melhorar a lucratividade das pessoas que utilizam veículos para trabalhar”, pontua.

Além disso, ele prevê que a baixa no etanol e, consequentemente, na gasolina, provoque uma série de alterações positivas na economia, como, por exemplo, impacto na inflação e queda futura dos juros. “Além disso, quando a gente aumenta o consumo de etanol, a gente diminui a poluição do ar”, comenta, lembrando que o etanol é um combustível que gera menos dióxido de carbono.

Mas, por que o etanol está mais barato?
Segundo relatório do Itaú BBA, divulgado em dezembro de 2023, elevados estoques de etanol estão pressionando os preços para baixo desde o fim de 2023. Com o clima mais seco, a colheita de cana-de-açúcar continuou alta mesmo em um momento em que, geralmente, há baixa. Os estoques até o fim de novembro marcaram recorde histórico para o período.

O relatório mostra que, com a chegada das chuvas e finalização da colheita (estamos no período de entressafra, que vai de novembro/dezembro a março/abril), a tendência é de redução mais forte da oferta – o que não está acontecendo neste momento.

De acordo com o levantamento, a produção total de etanol atingiu, na 2ª quinzena de novembro, 1,2 milhão de metros cúbicos – alta de 39,9%, se comparado com a mesma quinzena da safra anterior. Além disso, as saídas de etanol hidratado das usinas aumentaram 27,2% em novembro, comparando com o mesmo mês de 2022.

Com maior oferta, o etanol está chegando a preços mais atrativos ao consumidor e aumentando a demanda – que é explicada também pela paridade com a gasolina abaixo dos 70% em nove estados. A estimativa é de que a demanda pelo combustível continue fortalecida com paridades abaixo dos 70% no período de entressafra nos principais estados consumidores

fonte: O TEMPO

Published On: 17 de janeiro de 2024

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