12/04/2022

Dono de uma fortuna estimada em US$ 2,2 bilhões, o principal adversário do governo no embate interno na Petrobras não está para brincadeira. O multi-investidor Juca Abdalla, a 34ª maior fortuna do Brasil, segundo a revista Forbes, comanda o movimento dos acionistas minoritários para ampliar a própria influência na estatal e reduzir o peso político da União nas decisões.

Desta vez, ele mesmo, o discreto Juca Abdalla, é candidato a uma vaga no Conselho, indicado pelos fundos administrados pelo Banco Clássico, de sua propriedade. Para isso é preciso que seja adotado o sistema de voto múltiplo – que prevê a eleição de cada um dos integrantes do Conselho, e não em blocos de indicados. Por trás da briga por ampliação de poder está a percepção de que a influência política é nociva aos interesses financeiros dos acionistas, inclusive com o atraso do repasse de aumento dos preços dos combustíveis.

A fortuna de Abdalla está a um passo de engordar novamente. Nesta quarta (13), quando os conselheiros se reunirem para decidir a escolha de José Mauro Coelho para presidir a Petrobras – o terceiro do mandato de Bolsonaro (PL) –, também estará na pauta a distribuição dos dividendos do robusto resultado obtido pela estatal em 2021, de R$ 106,6 bilhões. A Petrobras pagará R$ 37,3 bilhões, ao todo, em dividendos complementares, a seus acionistas.

Entre seus negócios bilionários, em parte herdados do pai, industrial pioneiro da região de Jundiaí, e turbinados por apostas no mercado financeiro e disputas com o estado, Abdalla investe pesado em estatais do setor de energia, como a Eletrobras, com 12,5% do capital votante, Cemig e Engie, e, claro, a Petrobras – com até 4% das ações ordinárias.

O embate por fatias de poder se dá num momento delicado para a empresa, vista como algoz dos brasileiros mais pobres, sobre os quais pesa mais a alta da inflação, impulsionada pelo aumento de preços dos combustíveis. A política de paridade internacional de preços da petroleira brasileira obedeceria a regras de mercado voltadas somente para o lucro dos acionistas, descolada da realidade do país.

A questão – fomentada pelo próprio presidente Bolsonaro – eleva a temperatura das decisões previstas para a semana. Sócia majoritária – dona de 50,5% das ações com direito a voto – a União detém o controle do processo, mas está sob pressão. Os minoritários, que detinham duas das 11 cadeiras do Conselho, conseguiram eleger mais um, quando da última troca que comando da estatal.

Autor/Veículo: R7

Published On: 12 de abril de 2022

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