09/06/2022
Fonte: Valor Econômico
A Petrobras veiculou na quarta-feira à noite comunicado à imprensa com atualização da empresa em relação ao cenário de preços de combustíveis no país. No informe, a empresa pontuou ser “fundamental que a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado global seja referência para o mercado brasileiro de combustíveis, visando à segurança energética nacional”.
Outro ponto ressaltado pela companhia no comunicado sobre o mercado de combustíveis é o fato de que o Brasil, em termos estruturais, é deficitário em óleo diesel, tendo importado quase 30% da demanda total em 2021. No informe, a Petrobras não descarta possível impacto em preços e suprimento de diesel, tendo em vista o atual cenário, doméstico e no exterior, no mercado de combustíveis.
Em comunicado com o título “Esclarecimento da Petrobras sobre a prática de preços de mercado e a garantia do abastecimento nacional”, a empresa já inicia o texto ressaltando compromisso com prática de preços competitivos “e em equilíbrio com o mercado global, necessária para a garantia do abastecimento doméstico”.
No informe, a estatal lembrou que, assim como qualquer outra commodity comercializada em economia aberta, a precificação de combustíveis no Brasil é determinada por balanço de oferta e demanda global. A companhia pontou que produtos desta natureza possuem características físicas homogêneas e são produzidos, transportados e comercializados em larga escala por todo o mundo, tendo múltiplos ofertantes e demandantes.
A empresa lembrou ainda que o mercado de combustíveis no país atua com regime de liberdade de preços, em todos os segmentos, de acordo com a Lei nº 9.478/1997, alterada pela Lei nº 9.990/2000, desde 1º de janeiro de 2002. Assim, no entendimento da Petrobras, cabe a cada agente econômico estabelecer suas margens de comercialização e seus preços de venda, em um cenário de livre concorrência.
Em seu informe, a Petrobras recordou não atuar no segmento de distribuição e revenda, sendo responsável apenas pela produção de combustíveis no país.
No entanto, a empresa tem posicionamento em relação à política de preços no setor, conforme detalhou no comunicado. A companhia lembra que, no entendimento dela, preços alinhados ao valor de mercado estimulam a produção e a concorrência no presente, assim como fomentam os investimentos que contribuirão para a expansão do volume produzido, para o alcance da qualidade exigida para os produtos, e para incremento da capacidade logística, com benefícios diretos ao consumidor.
Em contrapartida, por outro lado, comentou a Petrobras, um cenário de preços abaixo do mercado “inviabiliza economicamente as importações necessárias para complemento da oferta nacional”, comentou a empresa. Exemplos recentes de desalinhamento aos preços de mercado já se traduzem em problemas de abastecimento em países vizinhos ao Brasil, lembrou a companhia.
“A Petrobras adota uma dinâmica que propicia um equilíbrio com o mercado, mas evitando o repasse imediato da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio ocasionadas por questões conjunturais para os preços domésticos”, comentou a empresa. “A Petrobras não é a única supridora de combustíveis no Brasil. Não há monopólio. Sem a prática de preços de mercado, não há estímulo para o atendimento ao mercado brasileiro pelos diversos agentes do setor”, ressaltou.
A Petrobras frisou que a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado é condição necessária para que o país continue sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diversos agentes.
Outro aspecto mencionado pela empresa é o atual quadro de conjuntura internacional, no setor. A Petrobras lembra que o mercado global de energia está atualmente em situação desafiadora. “Com a aceleração da recuperação econômica mundial a partir do segundo semestre de 2021 e, notadamente, com o início do conflito no Leste Europeu em fevereiro de 2022, tem-se observado aumento dos preços e maior volatilidade nas cotações internacionais de commodities energéticas, em especial, do óleo diesel”, lembrou a companhia.
A empresa ressaltou que a conjuntura reflete, principalmente, menor oferta global de diesel frente à demanda presente, assim como incertezas relacionadas ao futuro balanço desse mercado. Como consequência, os estoques de diesel nos principais mercados internacionais exibiram declínio acentuado nos últimos meses, comentou a empresa.
Vários cenários foram delineados pela companhia em relação ao que pode acontecer nos próximos meses. No comunicado, a Petrobras admitiu que existe possibilidade de o mercado global de óleo diesel ficar mais pressionado nos próximos meses. Pode ocorrer em aumento sazonal da demanda mundial de combustíveis no segundo semestre, pontuou a Petrobras, ou menor disponibilidade de exportações russas pelo prolongamento e agravamento de sanções econômicas ao país; bem como eventuais indisponibilidades de refinarias nos Estados Unidos e Caribe com a temporada de furacões de junho a novembro.
“Portanto, não há fundamentos que indiquem a melhora do balanço global e o recuo estrutural das cotações internacionais de referência para o óleo diesel”, completou a Petrobras, ao enunciar os possíveis cenários.
Tendo em vista todos esses fatores reunidos, a Petrobras fez uma análise de que o atual ambiente, afetado por fatores internos e externos, pode acabar influenciando preços e suprimento de diesel.
“Em um cenário de escassez global, o abastecimento nacional requer uma atenção especial. Como o país é estruturalmente deficitário em óleo diesel, tendo importado quase 30% da demanda total em 2021, poderá haver maior impacto nos preços e no suprimento”, informou. “Esse quadro se acentua dado que o consumo nacional de diesel é historicamente mais alto no segundo semestre devido às sazonalidades das atividades agrícola e industrial. Ressalta-se, também, que o mercado interno registrou recorde de consumo de óleo diesel no ano passado e essa marca deverá ser superada em 2022”, completou a companhia.
A Petrobras terminou o comunicado afirmando que, diante do atual quadro do setor, é “fundamental que a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado global seja referência para o mercado brasileiro de combustíveis, visando à segurança energética nacional”.