13/04/2022
Fonte: Valor Econômico
O sinal verde dado pelas instâncias internas da Petrobras ao nome de José Mauro Ferreira Coelho, indicado pela União para presidente da petroleira, resolveu uma das últimas pendências para a eleição do novo conselho de administração da companhia, marcada para hoje em Assembleia Geral Ordinária (AGO). Ontem a Petrobras divulgou ata do Comitê de Pessoas (Cope), que se reuniu na segunda-feira e deu o aval a Coelho e a Eduardo Karrer, também indicado pelo governo ao colegiado da empresa. Coelho precisa ser eleito, primeiro, para o conselho para depois ser referendado, entre os conselheiros, como novo CEO da estatal.
Caso Coelho seja eleito na AGO, estará aberto o caminho para ele chegar à presidência da Petrobras. Nesse cenário, uma reunião do novo conselho da empresa – a ser todo eleito hoje – será realizada amanhã para apreciar o nome de Coelho como CEO. Se for aprovado pelo colegiado, ele toma posse na própria quinta-feira à tarde.
Na semana passada, depois da indicação do executivo pelo governo, havia dúvidas se haveria tempo de a Petrobras fazer as checagens necessárias até a assembleia. Se não houvesse tempo, Coelho poderia ser eleito mas corria risco de não poder tomar posse caso o Comitê de Elegibilidade (Celeg), ligado ao COPE, identificasse alguma pendência depois da AGO.
Essa possibilidade foi desfeita com a divulgação, ontem, de ata conjunta do COPE/Celeg, aprovando os nomes de Coelho e de Karrer. O Celeg avalia dados sobre a integridade e a capacidade técnica dos executivos indicados a vagas na empresa. As análises do comitê são entregues aos acionistas para auxiliar na eleição na assembleia.
O comitê concluiu que Coelho preenche os requisitos e que não há vedações contra ele. A mesma manifestação foi feita em relação a Karrer. Cabe agora aos acionistas eleger ou não os indicados. Como a União tem a maioria das ações da Petrobras, deve eleger Coelho com facilidade. No total, o governo indicou oito candidatos, mas pode ser que não consiga eleger todos os nomes da lista uma vez que minoritários devem chamar o voto múltiplo, que permite concentrar votos em candidatos. Assim existe a possibilidade de que um ou dois nomes da União não sejam eleitos.
Coelho foi indicado pela União para a presidência da companhia na quarta-feira passada depois da desistência, em 4 de abril, de Adriano Pires, primeira escolha do governo. Coelho foi indicado para substituir o atual presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em 28 de março após aumentos nos preços dos combustíveis. Hoje é o último dia de Silva e Luna no cargo. No mesmo dia da indicação de Coelho, também foi confirmada pelo governo a candidatura de Márcio Weber à presidência do conselho de administração. Weber havia recebido o aval do COPE/Celeg no dia 5 deste mês juntamente com outros candidatos da União e dos minoritários Marcelo Mesquita e Marcelo Gasparino. Na ocasião, o COPE/Celeg deixou para fazer a avaliação de outros candidatos, incluindo nomes dos minoritários e da União, em reuniões seguintes. Houve uma no dia 8 que aprovou mais cinco nomes dos minoritários e um do controlador. Na segunda, foram aprovados pelo comitê os nomes que faltavam: Coelho e Karrer.
Até ser indicado para a Petrobras, Coelho ocupava a presidência do conselho de administração da Petróleo Brasileiro SA (PPSA).
Na assembleia de hoje será eleito o novo conselho de administração para mandato de dois anos, que pode ser abreviado dada a eleição presidencial. O colegiado da Petrobras conta com onze vagas, sendo uma ocupada pela representante dos empregados, Rosangela Buzanelli, que foi reeleita. Concorrem ainda às vagas da União no conselho Márcio Weber, Eduardo Karrer, Murilo Marroquim, Carlos Lessa, Luiz Henrique Caroli, Ruy Schneider e Sonia Villalobos. Pelos minoritários, os candidatos são Marcelo Gasparino, José João Abdalla Filho, pelo voto múltiplo. Os minoritários devem eleger ainda dois nomes pelo voto em separado da União. Concorrem a essas vagas Ana Horta, Francisco Petros e Rodrigo de Mesquita, pelas ações ordinárias, e Daniel Alves e Marcelo Mesquita, pelas preferenciais.