O terceiro dia do XVII Encontro de Revendedores de Combustíveis do Nordeste iniciou com palestrantes de renome e apresentou amplo conteúdo sobre gestão financeira de postos, tendências no mercado de lojas de conveniência e política nacional, encerrando com apresentação de danças tradicionais e show de música nordestina.
Com vasto conhecimento de gestão financeira, Arlindo Lins, CFO da rede Pichilau, mostrou ao público conhecimentos específicos sobre capital de giro, e aplicou exemplos práticos que levaram à reflexão sobre a escolha da melhor forma de reinvestir no negócio.
“A necessidade de capital de giro é a necessidade de investimento em giro. Se eu vou comprar um caminhão é a necessidade de investimento quando investe em algo que se espera um retorno”, disse Lins.
De acordo com o palestrante, o ciclo financeiro envolve o tempo que leva entre receber e pagar, e também inclui prazo de estocagem. “Quando mais eu vendo, mais preciso investir, quanto mais demora receber dos clientes, mais eu tenho que colocar dinheiro no negócio”, disse.
A principal mensagem foi como o empresário escolhe equilibrar as suas finanças se deve constantemente investir no negócio. Entre as opções, é possível fazer a antecipação de recebimento dos pagamentos com cartões, ou ampliar os prazos de pagamento com os fornecedores ou ainda disponibilizar capital próprio para reinvestir no negócio. “Façam as contas, não existe forma melhor ou pior. O negócio precisa de dinheiro e é preciso optar pela forma mais econômica. Você é tem que descobrir como maximizar os resultados de seu posto”, concluiu.
Sucesso na loja
Para ser bem-sucedido com a loja de conveniência é preciso acompanhar as mudanças de mercado, entender o consumidor, estar ciente de que há muito trabalho pela frente, mas é possível, sim, ter bons resultados e se tornar uma referência no bairro ou no local onde o posto se encontra. Foi dentro desse contexto que Giselle Valdevez, sócia da Valsa Consultoria, especializada em lojas de conveniência, abordou os principais aspectos do atual mercado de conveniência.
“Eu acompanho as mudanças desse canal há muitos anos. Com a pandemia, houve necessidade de adaptação e o avanço tecnológico, as compras online, os aplicativos, delivery, self checkout, meios de pagamento sem atrito, entre outras”, exemplificou.
Dados de 2021, apresentados pela palestrante, demonstram que há 8.100 lojas em postos de serviços. Segundo Giselle, o conceito de conveniência está associado à revenda, pela localização estratégica dos pontos comerciais e pela facilidade de abastecer e, ao mesmo tempo, aproveitar para comprar algo na loja
Outro aspecto importante é a adoção das tecnologias, investir na experiência de compra do cliente, principalmente com as novas gerações. “A Geração Z é importante para o negócio. São os nativos digitais e cresceram com internet e as redes sociais. Como vou atrair esse público para o meu posto de serviço?”, questionou.
Como sugestão, ela recomentou ampliar o sortimento da loja em alimentação saudável, produtos sem glúten e com menos açúcar, investir em design e ambientação com apelo visual, engajamento por redes sociais e campanhas criativas, entre outras”.
Para ter resultados positivos, Giselle recomendou à revenda ter maior foco nas vendas e margens das principais categorias, investir no food service, ter uma loja limpa, organizada, avaliar o mix de produtos, ter atenção ao cliente e investir em programas de fidelização, dar atenção e treinar a equipe, manter uma loja com eficiência operacional, investir em tecnologia, entre outras.
Destaque do dia
O encerramento do evento trouxe como palestra de destaque o renomado comentarista político Caio Coppolla.
Ele iniciou com críticas sobre o que não vai mudar no Brasil. “A primeira coisa que não vai mudar é a justiça brasileira porque ela tem um vício de origem”, disse.
A justificativa para a afirmação do Supremo Tribunal Federal, de que se “sentem na liderança da sociedade, empurrando na direção certa. Porém, se há um vício de origem, se a premissa da justiça estiver equivocada, qual será a consequência de tudo que vier dali?”, questionou o comentarista. “Juízes não eleitos se sentem no direito de atuar como líderes. Isso não vai mudar no curto prazo e gera a insegurança jurídica que é a aplicação da lei”, complementou.
Coppolla também criticou o custo-Brasil, que traz entre os reflexos a menor produtividade. “O Brasil é a 62a economia no ranking de produtividade e a 7a economia mais complexa para fazer negócios”, destacou.
À certa altura, Coppola passou a abordar questões políticas. Segundo ele, menos de 10% da população se sente representado pelo Congresso Nacional e pelos partidos políticos. “As pessoas não confiam nesses organismos e são elas que os reelegem os mesmos governadores, prefeitos e presidentes”, destacou e começou a abordar o dano da reeleição. “Para viver numa democracia saudável tem que promover alternância de poder. A perpetuação do poder convida a corrupção”, criticou.
Além de apontar os problemas do governo atual, a melhora da situação do país, prevista por Coppolla, será oriunda de uma crise profunda que ele chamou de apagão do orçamento. “Já estamos chegando no mesmo cenário da hiperinflação, que teve o Plano Real como medida de solução. Somente uma crise produz mudança”, enfatizou.
Ele aposta que a mudança virá em 2026, via eleições, com a troca de governo, implantação do conservadorismo e alteração da política econômica.
Momento de homenagens
Um dos momentos emocionantes do evento foi quando James Thorp Neto, presidente do Sindicombustíveis Alagoas, subiu ao palco e anunciou a entrega do troféu “Raízes do Combustível”, em reconhecimento a revendedores tradicionais da região, que marcaram a história da revenda pela dedicação ao setor, competência e empreendedorismo.
O primeiro homenageado foi Vinicius Cansanção Filho, revendedor alagoano que teve mais de 60 anos de dedicação ao ramo de atividade, mas que faleceu há dois meses. A filha Ana Cristina Cansanção recebeu o prêmio. “Ele era um visionário. Em nome da minha mãe, de meus irmãos e de todos os funcionários, nós agradecemos”.
Com 51 anos de atuação na revenda, o segundo homenageado foi Antônio Albuquerque Melo. O genro Tiago Cotrim agradeceu em nome do sogro. “Só tenho a agradecer ao sindicato e ao presidente Jimmy por essa linda homenagem”.
O terceiro homenageado, José Pinto de Araújo é referência no mercado da revenda, hoje está com 90 anos e ainda continua na ativa. O filho, IBN Pinto, emocionado, prestou os agradecimentos. “Nosso pai nos enche de orgulho. Ele criou a empresa há 53 anos e continua mandando em todo mundo. Agradeço a Deus a felicidade de ter um pai tão trabalhador, bondoso, competente e dedicado à família como ele.”
O presidente James Thorp Neto encerrou a cerimônia, visivelmente emocionado e satisfeito. “Agradeço a todos, e essa homenagem é o mínimo que a gente pode fazer. Há 45 mil postos no país e 1.000 postos estão nas mãos do crime organizado. Felizmente são 44 mil empresários sérios e através dessa homenagem que vamos fortalecer cada vez mais a nossa revenda”, concluiu.