12/04/2022

Fonte: Folha de S. Paulo

O mercado financeiro do Brasil trabalhou nesta segunda-feira (11) sob o impacto do susto da maior inflação para março em 28 anos, revelada na última sexta (8), e que surpreendeu o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “A gente teve um índice mais recente que foi uma surpresa“, disse a autoridade monetária.

A disparada dos preços é interpretada desde a última sexta como um sinal de juros mais altos, ameaçando inclusive o fim do ciclo do aperto monetário previsto para o próximo mês. Isso indica a investidores estrangeiros que o país continuará oferecendo retorno vantajoso para aplicações em renda fixa.

Expectativas de continuidade da entrada do fluxo de capital estrangeiro levaram o dólar a uma baixa de 0,46% nesta sessão, fechando o dia cotado a R$ 4,6910.

No exterior, bolsas globais tiveram um novo dia de quedas generalizadas. Temores sobre os efeitos do lockdown no coração financeiro da China derrubaram os mercados na Ásia e com eles também foram para o fundo os preços das principais commodities exportadas pelo Brasil.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, sinais de que os juros de referência serão severamente elevados seguem alimentando temores de que o remédio para combater a maior inflação em 40 anos poderá alimentar uma futura recessão.

Cenários interno e externo desfavoráveis para o crescimento de empresas explicam a baixa de 1,16% do Ibovespa, o índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, que fechou o pregão em 116.925 pontos.

Na China, o índice que segue as ações das principais empresas listadas em Xangai e Shenzhen desabou 3,03%. A segunda foi igualmente ruim na Bolsa de Hong Hong, que despencou 3,09%.

Diante do avanço dos casos de Covid-19, autoridades chinesas submetem os 26 milhões de habitantes de Xangai a rigorosas regras de restrição de mobilidade.

A política sanitária de Pequim mira zerar as infecções. Investidores temem que o efeito colateral seja uma nova desorganização das cadeias de abastecimento e que isso paralise economias que ainda tentam se recuperar das piores fases da pandemia.

O preço do petróleo Brent caía 3,71% neste fim de tarde, a US$ 98,97. Com essa cotação, o barril mergulhava abaixo dos US$ 99,08 do fechamento de 24 de fevereiro, dia em que tropas russas invadiram a Ucrânia. Preocupações sobre a restrição que a guerra poderia impor à oferta da commodity fizeram o preço de referência do petróleo bruto escalar aos US$ 127,98, em 8 de março.

Neste momento, além do lockdown na China, os preços do petróleo também são empurrados para baixo pela decisão dos Estados Unidos e de outros países de liberar milhões de barris de suas reservas estratégicas. A medida busca frear a inflação mundial dos combustíveis.

O mau humor também foi sentido no mercado de minério de ferro, cujos contratos mais negociados se desvalorizaram.

Published On: 12 de abril de 2022

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