A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, disse que os países ainda desperdiçam dinheiro em atividades que criam os problemas climáticos. Ela criticou, por exemplo, o subsídio a combustíveis fósseis, que chegam a US$ 7 trilhões ao ano.

— Temos que admitir que fomos lentos em relação às mudanças climáticas e ainda estamos desperdiçando dinheiro com atividades que criam esses problemas. Os choques climáticos vão impactar o desempenho das economias, os negócios, além de afetar o bem estar das pessoas com poluição e direcionar recursos para a transição energética deve ser uma prioridade — disse a diretora do FMI, que veio ao Brasil para o encontro de ministros de Finanças do G20, grupo das maiores economias do mundo, em São Paulo.

Na tarde desta quarta-feira, Geogieva participou de um evento realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no Auditório Ibirapuera, que discutiu inovação financeira para o clima e desenvolvimento.

Georgieva afirmou que mesmo com todos os esforços financeiros para reduzir as emissões de gases na atmosfera nesta década, atualmente só é possível cortar em 11%, quando o necessário seria algo entre 25% e 50%.

— Temos que admitir que fomos lentos em relação às mudanças climáticas e ainda estamos desperdiçando dinheiro com atividades que criam esses problemas. Esta deve ser uma prioridade porque os choques climáticos vão impactar o desempenho das economias, os negócios, além de afetar o bem estar das pessoas com poluição — disse.

Governo subsídiou compra de carros populares

Um exemplo de subsídio a combustíveis fósseis veio do próprio governo brasileiro. No ano passado, foi criado o o programa de incentivo à compra de carros de entrada, com descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil nos modelos com preços de até R$ 120 mil. O governo concedeu R$ 1,5 bilhão em créditos tributários para as montadoras que aderiram ao programa e ofereceram os descontos. Pelo menos 125 mil veículos foram venidos com os descontos.

Georgieva disse que para mercados emergentes serão necessários “trilhões” para enfrentar as mudanças climáticas e que não há esse dinheiro disponível. Por isso, Georgieva defendeu que esses recursos de subsídios sejam direcionados para esse fim já que se “fizermos mal feito vamos afetar as pessoas mais pobres e teremos protestos”.

— Lidar com subsídios e criar incentivos à descarbonização precisam ser levados em conta agora — afirmou a diretora do FMI.

Um estudo do FMI mostra que os países que tomam medidas a respeito do clima tendem a estimular a inovação verde e atrair fluxos de tecnologia e investimentos de baixo carbono.

“Além disso, a tributação das formas mais poluentes de transporte internacional pode gerar receitas que podem ser usadas para combater as mudanças climáticas e a fome, assim como para apoiar os mais vulneráveis da população”, escreveu Geogieva no blogo do FMI.

Ela afirmou que o FMI e o Banco Mundial estão trabalhando em programas que ajudem os países a aprimorar a qualidade de suas receitas e de seus gastos para que o investimento de longo prazo com objetivo de combater as mudanças climáticas seja previsível . Georgieva citou um fundo criado pelo FMI com direito de saque a países que precisam de liquidez para esse objetivo.

Embora os esforços para obter recursos sejam enormes, Georgieva se mostrou otimista de que será possível atingir esse objetivo e até usou uma frase de Pelé para explicar sua posição.

— Pelé disse que quanto mais difícil a vitória, mais você a aproveita — disse.

Autor/Veículo: O Globo

Published On: 29 de fevereiro de 2024

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