27/05/2022

Fonte: Valor Econômico 

O presidente Jair Bolsonaro exaltou ontem sua autonomia para a nomeação do presidente e de diretores da Petrobras e classificou como “medida protelatória” a decisão do conselho de administração da empresa de aguardar a indicação e análise de novos membros, antes de convocar a Assembleia-Geral Extraordinária (AGE) para avaliar a escolha de Caio Paes de Andrade à presidência da empresa.

A nova troca no comando se dá em meio à preocupação do governo com seguidos aumentos de preços dos combustíveis e o potencial impacto negativo da inflação na campanha à reeleição de Bolsonaro. A Petrobras segue uma política de preços que segue as cotações internacionais desde 2016.

“Jamais da minha parte penso em interferir na Petrobras, isso para mim é medida protelatória. O presidente da Petrobras ganha R$ 210 mil por mês, o povo está ouvindo aí? Diretor ganha R$ 110 mil. Se é para ficar apertando botão ali, eu não preciso de pessoas qualificadas lá”, disse o presidente. “Ninguém é dono da Petrobras, mas eu sou acionista majoritário e tenho direito, via Ministério de Minas e Energia, de propor mudança não só do conselho, como da diretoria e do próprio presidente.”

Perguntado sobre o possível prejuízo de uma demora na convocação da assembleia, Bolsonaro complementou: “Se ficar mais seis meses [a atual diretoria], eles podem ter a política de continuísmo do que está havendo lá.”

O presidente voltou a questionar a postura de acionistas minoritários da companhia. Na sua opinião, eles “só querem lucro” e “não querem saber se você está pagando R$ 20 no litro da gasolina”.

Sobre o alerta de que o país poderá enfrentar desabastecimento de diesel caso não haja reajuste, o presidente voltou a criticar a margem de lucro da Petrobras e lembrou de seu pedido para prorrogação do último reajuste – caso em que ficou irritado por não ser obedecido.

“Nós trabalhamos para não haver desabastecimento, pior que inflação é desabastecimento. Mas fiz aquele apelo no mês passado que, ao continuar esta alta de preço, quebra o Brasil. O que apelei à Petrobras na época é que esta margem, este spread, não precisa ser tão grande assim”, pontuou.

O presidente também foi questionado sobre quais medidas o governo poderá adotar para frear a alta dos combustíveis, e emendou: “A gente quer uma alternativa sem interferência, de modo que não haja desabastecimento, que não mexa no dólar, que respeite contratos, e que a gente não tenha solavancos aqui. Não adianta ter política da Petrobras se o dólar for lá para cima.”

Published On: 27 de maio de 2022

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