O primeiro dia do XVII Encontro de Revendedores de Combustíveis do Nordeste, realizado no Vila Galé Resort, na Barra de Santo Antônio (AL), foi um sucesso. O evento reuniu autoridades regionais, representantes do parlamento nacional, da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP), juntamente com revendedores locais e de vários estados do país, contando também com a presença das distribuidoras nacionais.
Pela primeira vez, o encontro foi realizado sob a gestão de James Thorp Neto, anfitrião do evento, presidente do Sindicombustíveis Alagoas e da Fecombustíveis. “Hoje é um momento muito especial, estou muito orgulhoso de receber a todos. Esse evento foi organizado com muito carinho, elaboramos uma programação especial, com palestrantes nacionais, fornecedores diversos, pensando em você, revendedor, para lhe proporcionar boas oportunidades de negócios”, destacou.
Pernambucano de nascimento, Thorp afirmou ser alagoano de coração, uma vez que foi neste estado que consolidou sua trajetória como empresário da revenda e o local onde constituiu família.
A cerimônia de abertura do evento contou com a participação de Bruno Toledo, vice-presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, que enalteceu a liderança de Thorp, com a sua força de trabalho e abertura ao diálogo para tratar dos assuntos do setor.
O deputado federal Luciano Amaral também explanou a atuação do presidente do Sindicombustíveis Alagoas em defesa dos interesses da revenda em pautas em Brasília.
O secretário de Estado de Governo de Alagoas, Vitor Pereira, que representou o governador Paulo Dantas, observou a importância do setor. “As pautas do setor também são de nosso interesse, um dos maiores geradores de emprego e renda ao país”, disse, oferecendo seu apoio ao segmento.
No discurso do vereador Chico Filho, presidente da Câmara Municipal de Maceió, ele acentuou a importância do empresariado para a economia local e reconheceu que a burocracia do país não promove a evolução da iniciativa privada. “Nossa cidade é referência no país e queremos continuar crescendo. Para isso, temos que oferecer as condições para que vocês, empresários, cresçam”, disse.
Também participaram da abertura do evento, o presidente do Instituto Combustível Legal (ICL), Emerson Kapaz; o presidente da Ipiranga, Leonardo Linden; e o superintendente de Fiscalização do Abastecimento da ANP, Julio Nishida. E marcaram presença Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas; Cecilia Wanderley, superintendente do Procon de Maceió, Coronel Paulo Amorim, comandante da Polícia Militar de Alagoas; Manuel Baia, diretor da Fecomércio–AL; e Flavio Morgado, diretor da Algas.

Mercado Irregular e fiscalização
O combate às irregularidades do setor de combustíveis foi o tema da palestra de Carlo Faccio, diretor do ICL, que trouxe em sua apresentação os prejuízos das perdas tributárias do segmento da ordem de R$ 14 bilhões. Agregando as fraudes operacionais, que incluem adulteração de combustíveis, problemas com a mistura dos biocombustíveis nos combustíveis fósseis, furto e roubo de cargas, o dano atinge R$ 17 bilhões.
Segundo Faccio, as organizações criminosas se proliferaram e fazem uso de pessoas como laranjas, empresas de fachadas, formação de quadrilhas, para realizar todo o tipo de fraudes e lavagem de dinheiro. “Hoje temos um mapeamento com indícios de que há 941 postos de combustíveis que pertencem ao crime organizado”, disse.
Entre as principais bandeiras do ICL está a simplificação tributária, com a inclusão do etanol hidratado na monofasia via sistema ad rem, principalmente no ICMS, a aprovação do projeto de lei do Devedor Contumaz, fortalecimento da fiscalização, entre outras.
Outro painel trouxe um panorama sobre a atuação da Superintendência de Fiscalização do Abastecimento da ANP, por Julio Nishida.
A cada período, alguns tipos de fraudes ganham maior extensão, assim aconteceu no ano de 2023 com fraudes do metanol, que foram controladas pela Agência Reguladora. Atualmente, uma das irregularidades mais recorrentes se refere ao menor teor de biodiesel no diesel, que está no foco da agência.
Atualmente, entre os desafios da Agência é manter as ações de fiscalização em meio à redução de recursos do orçamento pelo governo federal.
No entanto, de acordo com Nishida, apesar do período difícil, a taxa de acerto da ANP em relação às fraude de qualidade foi 40% maior em 2024. Isso se deve ao sistema integrado de fiscalização, que foi implementado no ano passado. “Hoje, temos um sistema que acessa todas as bases de dados e faz os cruzamentos, consegue estabelecer probabilidades sobre o perfil e comportamento das empresas. O preço também sinaliza se há algo errado, se compra por preço muito próximo do que vende”, citou o superintendente.

Renovabio
As distribuidoras nacionais levaram seus representantes, Guido Silveira, vice-presidente Jurídico da Ipiranga; Marcelo Bespeiro, vice-presidente Comercial da Raízen; e Henry Hadid, vice-presidente Jurídico da Vibra Energia, para explanar o funcionamento e as deficiências do Programa Renovabio, cuja fragilidade reside na ausência de compra dos Créditos de Descarbonização (CBIOs) por algumas distribuidoras.
Os CBIOs funcionam de forma similar ao Mercado de Carbono, que compensam as emissões de gases de efeito estufa por empresas poluentes. No caso dos CBIOs são títulos emitidos pelos produtores de biocombustíveis, que são comercializados na Bolsa de Valores (B3) e as distribuidoras são os agentes que devem fazer a compra obrigatória desses certificados.
Uma das distorções ocorre pela não participação de certas distribuidoras, trazendo desequilíbrio concorrencial para o mercado, uma vez que não cumprem as metas de compra. Recentemente, foi aprovado o Decreto 12.437/2025, que trata com mais rigor aqueles que não cumprem as obrigações do Renovabio, sendo considerado crime ambiental, porém é necessário complementar com a regulação pela ANP.

Economia e Política
A palestra de destaque foi realizada pelo renomado jornalista Adalberto Piotto, sob o título “O Brasil deu certo”, que abordou o cenário econômico e político do país.
Pela análise de Piotto, o país demonstra por dados estatísticos o quanto avançou em alguns setores, como, por exemplo, o agropecuário, que atualmente tem como destaques os produtos: soja, carne e milho.
O jornalista mostrou que a área plantada de grãos no país, desde 1990 até os dias atuais, cresceu 115% e a produção evoluiu 465%. “Esses caras do agraonegócio se organizam e olha o que eles estão entregando”, constatou.
Em sua análise, quando há força de vontade e investimento, o país progride. “Somos a maior potência alimentar do mundo e somos o maior pais com produção energética. O mundo vem falar de energia limpa, nos já fazemos isso desde os anos 70. O ponto preciso reverter é o discurso anti-Brasil. O discurso que vai movendo o país para baixo”, comentou.
No aspecto político, Piotto criticou o atual governo pelo elevado endividamento. Ele avalia que a reeleição não é saudável para o país. Em relação ao processo eleitoral, que irá ocorrer no ano que vem, ele acredita que Lula não irá se candidatar e, na impossibilidade de Bolsonaro tentar a presidência, o candidato mais provável seria Tarcísio de Freitas.

Published On: 23 de maio de 2025

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