15/07/2022

Fonte: O Tempo

Pela primeira vez na história do Brasil, o preço do litro do diesel está acima da cotação da gasolina. Para além dos efeitos para o consumidor diariamente, esse fenômeno pode mudar, em breve, o comportamento de quem pensa em comprar carro, usado ou não: realmente vale a pena investir num modelo movido a diesel? Os flex tendem a ganhar mais espaço no mercado?

Para Flávio Maia, proprietário da AutoMaia Veículos e diretor da Associação dos Revendedores de Veículos no Estado de Minas Gerais (Assovemg), esse movimento ainda não está presente no mercado ainda, mas a situação pode mudar se a gasolina continuar mais barata que o diesel.

“O diesel, historicamente no Brasil, sempre foi no máximo 75% do preço da gasolina. Com o ICMS (limitado a 18% para os combustíveis) agora, a situação se inverteu. Em paralelo, as montadoras estão utilizando novas tecnologias, como carro turbo e motores três cilindros. Os carros a gasolina se tornaram muito mais econômicos do que eram. Então, a tendência é da procura do carro a diesel reduzir”, diz Flávio.

A tomada de decisão, no entanto, não é simples. O consumidor precisa colocar na ponta do lápis vários fatores, como explica o professor de engenharia mecânica da Una, Leandro Quetz de Almeida.

“O carro a diesel tem uma durabilidade de motor maior. A durabilidade pode chegar a ser até três vezes maior. Varia muito de acordo com o dono do veículo, mas um motor a gasolina dura cerca de 200 mil quilômetros sem retífica (desmonte e revisão geral do motor), enquanto o movido a diesel percorre 600 mil quilômetros sem retífica”, diz Quetz.

O professor de engenharia mecânica lembra também de outros fatores a favor do veículos a diesel: eles tendem a ter maior aceitação no mercado na hora da revenda. “As grandes caminhonetes movidas a gasolina sempre desvalorizam muito, porque a aceitação não é grande. É diferente dos SUVs, que o consumidor já considera os dois motores de maneiras semelhantes”, afirma Leandro Quetz de Almeida.

Por outro lado, vale lembrar que o carro flex é bem mais barato que o movido a diesel. Presidente do Sindicato das Empresas de Reparação de Veículos Minas Gerais (Sindirepa), Alexandre Mol tem dois SUVs: um movido a gasolina e etanol, e outro a diesel. Para ele, a diferença de preço entre os combustíveis tende a não se estender para o futuro.

“O meu carro a diesel rende 16 quilômetros por litro na estrada, enquanto o flex roda 10 quilômetros por litro. Os dois são do mesmo modelo, mas claro que o movido a diesel é mais caro. Ainda assim, o fato é que esse ponto do combustível (gasolina mais barata) é momentâneo. O Brasil é movido a diesel. Não acho que vai se estender para além do ano que vem”, afirma Mol.

Carla Ferreira, pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), concorda com o presidente do Sindirepa. “Não sei se o consumidor pode fazer um movimento desse, já que os carros estão caríssimos, tendo em vista uma economia de combustível, porque a gente não sabe o que vai acontecer daqui a pouco. Ainda mais que a gente está num ano eleitoral. Ano que vem, podemos ter manutenção deste governo ou uma troca de governo. Sabe-se lá como serão essas medidas”, diz.

BH tem gasolina mais barata

Números da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que o preço médio do litro da gasolina em BH no último dia 6 era de R$ 6,25, variando entre R$ 5,95 e R$ 6,69. Já a mesma quantidade de diesel na mesma data tinha cotação média de R$ 7,58, operando entre R$ 7,39 e R$ 7,89.

Essa diferença entre os dois produtos aconteceu porque a Lei Complementar 194, que limitou o ICMS dos combustíveis em 18% em Minas Gerais, interferiu, sobretudo, no preço da gasolina. Isso porque a alíquota dela era de 31%, enquanto a do diesel era 15%.

Published On: 15 de julho de 2022

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